Sociabilidades letradas no Recife: a Revista Estudos Universitários (1962-1964)

Produto de uma ampla e rigorosa pesquisa científica, este livro se estrutura na representação dos esforços empregados pelos intelectuais que escreviam na Revista Estudos Universitários (EUs), uma das mais inovadoras produções intelectuais criadas no seio da Universidade Federal de Pernambuco – então chamada, nos anos 1960, de Universidade do Recife. Sob responsabilidade do Serviço de Extensão Cultural, dirigido por Paulo Freire, a revista contou com o apoio de notáveis colaboradores, como Luiz Costa Lima, João Alexandre Barbosa, Ariano Suassuna, Sebastião Uchoa Leite, Vamireh Chacon, Jomard Muniz de Brito e Marcius Cortez, para citar alguns. Uma importante marca da iniciativa pode ser identificada na exploração da dinâmica estabelecida entre “intelectuais e povo”, ou seja, na busca por um estreitamento dos canais de relação entre universidade e sociedade. É nesse sentido que este livro ultrapassa as “fronteiras” da realidade universitária e contempla o conjunto mais amplo das dimensões social e cultural do ambiente recifense dos anos 1960. O autor revela uma intrigante teia de relações composta por intelectuais, suas formas organizativas, seus escritos e desafios para transformação social. Trata-se de uma excelente leitura para a compreensão de um tempo em que ensaístas da EUs elegiam a universidade como lócus prioritário para resolver os problemas da sociedade na qual estava inserida, articulando-se em torno de um eixo programático que visava à superação do status quo. Neste instigante empreendimento historiográfico, enfim – decorrente de uma pesquisa que contribuiu para o relançamento revista –, o significado da EUs coloca-se em primeiro plano. É assim que este trabalho permite não apenas entender as novas dinâmicas e possibilidades que a vida universitária proporcionou à cidade do Recife na época, mas também as disposições que orientaram o próprio surgimento da Universidade Federal de Pernambuco.