Forma e ficção: literatura, subjetividade e conhecimento

O ambiente acadêmico não sobrevive sem uma tensão insolúvel entre ideias que ocupam o centro e a margem do debate. Quanto mais hegemônica se torna uma visão teórica, mais importantes se fazem as perspectivas periféricas, uma vez que permitem encontrar as brechas dos discursos bem-estabelecidos. Esta obra reúne reflexões diversas sobre um mesmo problema: o efeito e a importância da forma literária no ato da leitura. Sem a consideração da forma, a literatura perde uma característica fundamental: sua capacidade aporética de agir e dizer sobre a realidade sem impor uma resposta certa e dogmática. As perspectivas que escamoteiam os elementos estéticos da arte verbal tendem a fazê-lo com base em ideais maciços e, em alguns casos, autoritários, uma vez que se tornam parâmetro de controle da imaginação. Entre os temas abordados, dos campos da crítica e da teoria, estão a especificidade da ficção; a importância da polêmica no debate crítico brasileiro; o caráter contingente das verdades da crítica literária; o conceito de lugar de fala em confronto com o texto literário; as relações da psicanálise com a literatura; o humor e a fragmentação como dispositivos formais em Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade; a metafísica hoje e sua relação com o pensamento sobre literatura; a fragmentação do sujeito em Glória, de Victor Heringer; a linguagem de Quarto de despejo, de Maria Carolina de Jesus; os recursos metatextuais presentes em As rãs, de Aristófanes; o ultrapasse do realismo ingênuo por Graciliano Ramos em Caetés.