Entre a ponta de pé e o calcanhar: reflexões sobre como o frevo encena o povo, a nação e a dança no Recife
Palavras-chave:
Cultura popular, Dança popular - FrevoSinopse
A valorização da cultura popular, em arte, esteve frequentemente ligada ao culto de uma nacionalidade idealizada e à esfera do folclórico. Na análise que realiza, no entanto, de três espetáculos de dança popular cênica do Recife dos anos 1990 – O romance da nau catarineta (Balé Popular do Recife/Balé Brasílica, 1991); Procissão dos farrapos (Balé Brincantes, 1991); e A demanda do Graal dançado (Grupo Grial, 1998) –, a coreógrafa, dançarina e pesquisadora Ana Valéria Vicente, mestra em Dança pelo Programa de Pós-Graduação em Arte Cênicas da UFBA e professora de Dança na UFPB, desafia simplismos ao identificar formas do frevo que insidiosamente desestabilizam, questionadoras, a representação do nacional como unidade homogênea não problemática, livre, por exemplo, de disputas sociais. De observações de Valdemar de Oliveira sobre o frevo a contribuições teóricas dos Estudos Pós-Coloniais, passando pela história dos rumos artísticos de diferentes grupos originados a partir do Balé Popular do Recife, história traduzida pela autora na descrição de inovações no roteiro, no jogo cênico e, sobretudo, nos movimentos e posturas do corpo que dança, analisados de perto: esses são alguns dos elementos que a pesquisadora combina para ao fim nos apresentar um frevo que, mantendo as suas raízes, permite-se ser também polissêmico – ou, em suas palavras: “um corpo que não é folclórico, e sim constante mudança, negociação, desejo”. A obra integra a coleção Encenações do Popular.
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