A narrativa como combate: A escrita da história da Guerra Holandesa no século XVII
Palavras-chave:
Historiografia, Holandeses – Guerras – História – Séc. XVII, Guerra – História – Fontes, Narrativa (Retórica), Política – História – Análise do discursoSinopse
A narrativa como combate: a escrita da história da Guerra Holandesa no século XVII, de Kleber Clementino, investiga os processos por meio dos quais, na época moderna, um acontecimento era recriado no universo dos textos, elaborando notícias e uma memória histórica. Tomando como caso de estudo a Guerra Holandesa (1624-1654), o autor examina vasto conjunto de fontes impressas e manuscritas, produzidas na Europa e nos domínios ultramarinos, entre 1625 e 1699, que se encarregaram da tarefa de veicular versões, fossem sobre episódios, fossem sobre a totalidade daquela guerra, seus motivos, seus lances grandiosos, seus heróis, seus vilões ou mesmo sobre as intercessões celestes nas batalhas e escaramuças. Discutindo os impactos da difusão da imprensa naquelas sociedades, Kleber Clementino argumenta que o século XVII concebia uma distinção fundamental entre a relação – o informe que relata, que cumpre o papel de enunciar o advento do inédito – e a História – obra associada ao saber retórico, dedicada tanto a fundar uma memória quanto a preconizar vínculos éticos entre o passado e o presente, por meio de noções como exemplo (a ser seguido) e espelho (por que se moldar). Tudo isso atravessado pela urgência das questões políticas que abriam as bolsas dos patronos, punham a pena nas mãos dos autores e lubrificavam as máquinas dos tipógrafos. Refletindo a respeito dos usos do tempo, da escrita e da guerra como dispositivos mobilizáveis nas lutas simbólicas por poder, o livro contribui para o entendimento dos atritos e colaborações entre cultura e política, nos impérios do Antigo Regime.
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