Retalhos: de poéticas visuais e arte sequencial

Propomos que “Retalhos” seja uma Graphic Novel, esse modelo de gibi pomposo, com muitas páginas e autores importantes. Desses que você paga uma nota alta para colocar na sua estante. Daquelas edições que você, vez ou outra, busca com os olhos para se certificar de que está lá, ao alcance. E também, vez ou outra, pega para dar uma olhada, reler uns trechos, mostrar a alguém. “Retalhos” também é, para nós, um texto acadêmico, dos mais trabalhosos, com referências pomposas, temática cult, que vai para a lista de consultas de pesquisadores dos quadrinhos (das artes, da comunicação, da educação, e do que mais queiram). Trabalho acadêmico que consta no currículo e que leva selo de editora prestigiada. A obra apresenta-se como um registro poderoso e impactante do seu tempo (nosso tempo!). De pandemia, isolamento, controvérsias e lutas. De solidão e de introspecção. As Histórias em Quadrinhos possuem esse poderoso formato que dialoga com o que somos primitivamente, usando imagens para narrar o que sentimos e, dessa forma, atingir as camadas de compreensão e emoção de uma maneira única. “Retalhos” toca no comum de todos nós e de cada um. Ao ser gibi, reúne autores consagrados e iniciantes, revezando cores vibrantes de um estilo “fofinho” e um visceral preto sobre o branco. E cores viscerais e cinzas fofinhos. E tudo. Ao ser produção acadêmica, transborda inovação e criatividade. Propõe algo comum para todo leitor de quadrinhos, mas terrível para grande parte da universidade: eis um trabalho de pesquisa dentro de um gibi! Ao ser retalhos, traz de um e de outro a percepção de identidade, memórias, afetividades, conexões e posicionamentos. Aproveitem a obra em sua poética textual, visual e acadêmica.