Consumo sustentável no Brasil: reflexões sobre os discursos de poder público, da iniciativa privada e do terceiro setor

A partir da década de 1990, e de marcos como a realização da ECO 92, a ideia de sustentabilidade passou a circular em variados campos da cultura e da ação social, do mercado à administração pública. O foco da dissertação de Itamar José Dias e Cordeiro, defendida em 2012, é a avaliação crítica do quão consistentes têm sido no Brasil os discursos do poder público, da iniciativa privada e do terceiro setor sobre o consumo sustentável. Sua análise, que se baseia em documentos concretos produzidos por essas três instâncias, é antecedida por uma caracterização teórica do consumo nas perspectivas ecológica, econômica, sociológica e mercadológica; uma reflexão sobre as raízes do consumismo moderno; e uma conceituação e histórico do próprio consumo sustentável. Tratar o consumo sustentável como a mera aquisição de produtos verdes, em lugar de buscar proporcionar mudanças no quadro do consumismo e seus efeitos, é um dos indícios de superficialidade identificados pelo autor em tais discursos – uma constatação que põe em xeque, num futuro próximo, qualquer prática efetivamente sustentável por parte dos atores analisados. Relevante pelo papel estratégico da temática para o mundo contemporâneo e pelos resultados alcançados, o trabalho também indica possíveis caminhos para futuras pesquisas na área.