História oral, tempo presente e narrativas de trabalhadoras e trabalhadores: diálogos intermitentes

Elaborados com base em ampla documentação, em extensa pesquisa bibliográfica e na escuta sensível de testemunhos orais, os textos aqui presentes contemplam uma dupla agenda. De um lado, o contínuo aprofundamento da reflexão crítica que acompanha o fazer historiográfico, com destaque para a História Oral, seja em seus fundamentos teóricos, seja nos desafios metodológicos que a prática desse ofício impõe, não raro sob a mira dos que violam o direito à vida. De outro lado, a retomada, sob a renovada perspectiva do tempo presente, de duas décadas de pesquisa dedicadas aos temas da violência e do mundo do trabalho na Amazônia.

Nesse âmbito, é obra que avança para além da descrição e denúncia dos problemas que assolam a região – o desflorestamento, o aquecimento global, o crescimento predatório do agrobusiness, as políticas de privatização do Estado, a usurpação dos direitos indígenas, a renitente escravização de corpos, entre outros tantos extremos da vulnerabilização humana, cenário típico das variadas ações aqui narradas de resistência aos dispositivos (neo)coloniais. No dizer de Fernando Cesar Sossai (posfácio), trata-se da própria formulação de uma nova ética ambiental, compromissada com práticas libertadoras, e com a reconstrução dos modos de relacionar meio ambiente e trabalho na contemporaneidade.